Em trânsito apresenta um recorte numa série recente de
imagens que mesclam procedimentos técnicos tradicionais e tecnologias digitais,
sobrepondo e/ou justapondo recursos da gravura em metal, da monotipia sobre
metal, da fotografia, bem como da manipulação digital de imagens, da impressão artesanal
e da impressão com jato de tinta.
Estes trabalhos, que realizei no Canadá enquanto
bolsista CAPES de Estágio
Sênior, tem como referência instantâneos fotográficos de momentos e locais bastante
diversos. Grande parte destas imagens foi captada em Québéc, onde residi no
período, mas também aproveitei apontamentos anteriormente coletados (no México,
Guatemala, Veneza, Paris, Porto Alegre, Portugal, Missões Jesuítas do Rio
Grande do Sul...). São registros de universos
urbanos que foram empregados tanto como pontos de partida como também
foram explorados tecnicamente através de processos fotomecânicos e aproximados por
suas afinidades ou ainda diferenças.
Silêncio e melancolia traduzidos em vazios, grandes
planos, repetições e fragmentos seguem povoando meu imaginário. Nesta seleção, composta
de paisagens, gravuras em metal, concretizados nas tradicionais técnicas de
água-forte e água-tinta, são apresentadas ao lado de fotogravuras em polímeros,
estas últimas transcrevem os registros fotográficos após tratamento digital,
incorporando assim a própria fotografia ao trabalho - imagens que, até então, serviam apenas como referência. Nestes
cruzamentos, que deixam vestígios de seus processos, desdobram-se novos
significados. Como bem aponta Edmond
Couchot, se por um lado o criador “controla e manipula as técnicas” por
outro é “modelado por elas” vivendo
assim “uma experiência que transforma sua
percepção de mundo”.
Maristela Salvatori
foto: L. Scaletsky
foto: L. Sarturi
Maristela Salvatori, Gravura
em metal, 2012
Maristela Salvatori, Fotogravura
em polímero e chine collé, 2012